Evento de caráter QUEER, anti-racista.

O basket das excluídas nasce da urgência em romper com práticas hegemônicas e hetero-centradas dos programas artísticos. Como artista migrante de sexo-gênero dissidente, parece-me inadiável o engajamento por estéticas decoloniais e práticas político-sensíveis anti-patriarcais, que tensionem contextos periféricos para dentro dos processos criativos das artes contemporâneas. Acredito que as práticas artísticas e as práticas político-sociais e ativistas se retroalimentam. Por tanto, através desta proposta lanzo perguntas ao campos das vivências e experiências da sexualidade e sua complexidade no contexto atual.

A proposta, aqui, é gerar uma experiência complexa e ao mesmo tempo simples, com distintas ações cruzadas dentro de um ambiente colaborativo. Tais ações se fazem desde um convite explicito a desorganizar categorias disciplinarias do esporte e dos lugares de convivio das cidades, que excluem sistematicamente corporalidades dissidentes da cisnorma.

Este evento questiona, de maneira irreverente e despretensiosa, as fronteiras da geo-política, da arte, do gênero, da linguagem, dos espaços públicos.
Tendo em conta o contexto deste ano de 2022, em que pouco a pouco se retoma as atividades coletivas ao ar livre, depois de mais de 2 anos com políticas restritivas de combate a pandemia de COVID-19, o Basket das Excluidas, retoma atividade pela compreensão da necessidade de práticas trans inclusivas e anti-racistas para uma reformulação crítica e reativação consciente das políticas comunitarias.


Em que consiste o Basket das Excluídas?

O Basket das Excluídas é uma ação viral, consiste em ocupar uma cancha pública colectivamente e jogar basketball travestides. Para que o evento se active se propõe que as pessoas interessadas se encontrem para ocupar um espaço deportivo da cidade, a uma hora marcada. Neste encontro se realiza um jogo em que se evidencia a performatividade das identidades de gênero, reivindicando a visibilidade das corporalidades QUEER, rompendo com pactos machistas que sustentam acordos hetero-centrados e lógicas transfóbicas nas práticas deportivas e na organização político-espacial das cidades.
Uma boa receita para ativar o basket de las excluidas seria: desorganizar equipas, romper lógicas binárias sexistas, não contar pontos nem vantagens capacitistas já que ninguém ganha nem perde. O que vale em campo é traficar novos sentidos que possam piratear e hackear corpos generizados, racializados e estigmatizados, reivindicando suas participações no jogo e aparição dignificada em via pública.

Com edições no Brasil, Portugal e México, dinamizada em Madrid desde 2015 por Mama Lynch, que promoveu o Basket das Excluídas por 6 anos de maneira auto-gestionada, mobilizando pessoas desde as redes sociais até as ruas para celebrar a diversidade dos corpos no espaço público.
DOCUMENTARIO BASKET DE LAS EXCLUIDAS - MADRID 2019: